quarta-feira, 20 de julho de 2011

Que valores cultivamos ao longo da vida?

Depois de muito tempo, voltei a usar a internet novamente. Me cadastrei no Facebook! Reencontrei muitas amigas, inclusive da época de faculdade. Alegria, alegria, reencontros são sempre bons. Mas também nos fazem refletir sobre o tempo que passou, em como estamos, como estão as pessoas com quem já convivemos, e essa é a nossa maior curiosidade. Saber se nossas amigas estão mais "inteiras" do que nós, se o tempo foi mais benéfico a elas. Invariavelmente eu descubro que sim...rs. Isso na verdade não me incomoda nem um pouco, de verdade, fico feliz ao ve-las lindas maravilhosas e felizes! Mas a realidade não é bem essa.

Uma dessas amigas, não falava com ela a uns 20 anos. Ela já tem perto de 60, apesar de negar(rs), e eu estou com mais de 50. Duas senhoras e avós. Reencontrá-la não me deixou feliz. Não pela sua aparêcia, nisso ela está ótima, até fez umas três cirurgias plásticas, o que a faz bem mais jovem. O que me deixou muito, muito triste mesmo, foi descobrir, por palavras dela mesma, que ela simplesmente parou no tempo emocionalmente. Só para explicar. Ela sempre foi uma mulher lindissima, onde dinheiro, fama e aparência eram tudo que importava. Mãe de três filhas igualmente lindas, mas lindas mesmo, daquelas que vc olha, e olha e não entende como podem ser tão bonitas. Bem, com quatro filhas assim, dinheiro, posição social, só faltava o sucesso ! Tentou com a primeira, tentou com a segunda, não funcionou. A cabecinha delas era diferente apesar de ou dela, a mãe.

Com a terceira deu certo! Maravilha! Finalmente tudo aquilo que ela havia sonhado primeiro para si e depois para as filhas, ela conseguiu! Viveu anos em função disso. Filha modelo, finalmente, começando a carreira, mas já se destacando por sua beleza, enfim, fama, sucesso. Assim à mostra, conheceu seu principe encantado, empresário poderoso com quem casou. Sonho e casamento de cinderela, a mãe ao lado da filha saindo nas revistas famosas do país. História linda não é mesmo ? Mas não é da filha que quero contar, ela pouco conheço, mas da mãe a quem conheci muito bem. A minha amiga que agora não tem mais objetivo na vida. Senhora sessentona, casamento em ruínas, que na verdade durou dois anos, mas perdura até hoje, mais de vinte anos. Me escreveu, telefonou querendo conselhos porque está apaixonada por um amigo do marido, que nem sabe que a paixão e ela existem, desesperada, pois passa as noites sozinha em seu quarto chorando. As filhas todas distantes, vivendo sua própria vida, pois é assim que deve ser, e ela pedindo conselhos sobre como fazer para conquistar essa válvula de escape(na verdade um senhor de mais de setenta anos, mas "podre de rico", segundo ela) que acha vai faze-la feliz. Isso considerando que o tal nem percebe que ela existe!

Mas, toda essa história, é só para refeltirmos sobre os valores que cultivamos durante nossa vida. Porque o tempo é implacável, não perdoa e quando nos damos contas já foi, já passou. Não sei o que dizer a ela. O último e-mail que me escreveu continua em minha caixa postal aguardando uma resposta. Sinceramente, não sei o que dizer, estou remoendo há dias tudo isso. Não quero magoá-la. Dizer a ela que deveria ter usado o que aprendeu na faculdade, deveria ter tentado ser independente, deveria ter se separado desse homem que não ama há muito tempo, mas com quem ficou, pois financeiramente valia à pena. Que deveria ter aprendido a pintar, bordar, escrever poemas, feito mais amigas, se dedicado a caridade, adotado um cachorro, lido mais, sei lá. Deveria, deveria, deveria. Deveria ter feito qualquer coisa que hoje preenchesse seu tempo, lhe desse um motivo para seguir em frente. Mas deveria é passado, e esse não volta.

Não tem dinheiro, não tem posição social, não tem plástica que dê jeito (não tenho nada contra plásticas!). Quando envelhecemos são os valores que cultivamos durante a vida que importam, eles é que serão nossos companheiros fiéis na velhice. Não conte com ninguém a não ser com vc mesma. Os outros nos farão companhia se tivermos o que oferecer como pessoas. Pode ter certeza! E quanto a minha amiga, continuo pensando o que dizer a ela que realmente a ajude, sem magoá-la. Duvido que eu consiga !


Vilgarte

Nenhum comentário:

Postar um comentário